Naquele prédio inusitado, tudo era de loucos! A porteira coscuvilheira de ouvido atrás da porta que vivia de contos e ditos. Depois batia no peito com santimónia para dizer que não era de intrigas. As velhinhas dos últimos andares, que arrastavam o véu negro da morte, pelas vidas entediadas. Eram queridas inimigas. Uma tinha artes de surrupiar, a outra vivia em conflito com a neta. Os gatos eram verdes, amarelos e vermelhos. As escadas, eram infinitas até ao céu. Tudo me punha a cabeça a andar à roda. No apartamento, do Diogo, era um entra e sai de mulheres, no rés do chão Silvina e Toninho, discutiam mais uma vez "Sou uma desgraçada". "Dá-me um beijo"- dizia ele. "Chega-te para lá, que fedes a álcool". "Vou ao pão" e Silivina metia-se na mercearia para se amantizar com o merceeiro. Que deleite para Alice, a porteira, já ter o que contar. "Vá Toninho, que bom homem! Qualquer dia temos de mandar alargar as portas". "Cala-te mulher, só dizes disparates" - resmoneava Carlos Zé, o marido.
Era nas horas que me ausentava para ir visitar Dona Leonilde, para me fazer passar pelo seu neto Bruno, que encontrava um pouco de sossego. "Lá vai ele esmifrar a velha louca" - dizia a porteira à vizinha a sussurrar. "Que está a dizer?" - perguntava-lhe eu, acenando o dedo em riste. "Sua maldosa, não sabe o que é compaixão".
"Chegaste Bruno, vieste atrasado." -dizia Dona Leonilde, com o diário de Maria Rita na mão. Naquele momento não era Guilherme, mas sim Bruno. Sentava-me aos seus pés, ela afagava-me os cabelos e eu começa a ler, a vida triste de Rita, que a todos nós muito ensinou...
Era nas horas que me ausentava para ir visitar Dona Leonilde, para me fazer passar pelo seu neto Bruno, que encontrava um pouco de sossego. "Lá vai ele esmifrar a velha louca" - dizia a porteira à vizinha a sussurrar. "Que está a dizer?" - perguntava-lhe eu, acenando o dedo em riste. "Sua maldosa, não sabe o que é compaixão".
"Chegaste Bruno, vieste atrasado." -dizia Dona Leonilde, com o diário de Maria Rita na mão. Naquele momento não era Guilherme, mas sim Bruno. Sentava-me aos seus pés, ela afagava-me os cabelos e eu começa a ler, a vida triste de Rita, que a todos nós muito ensinou...
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