quarta-feira, 8 de março de 2017

As mulheres do meu romance

Regina, era Rogério. Uma mulher que cometeu os maiores crimes hediondos em prol de uma vingança. O putativo assassinato da sua mãe, pelo padrasto para ficar com a fortuna da família, levou-a a desaparecer nas águas do Douro e voltar passados anos, a mais bela das mulheres para um ajuste de contas. Será que a história foi assim? Será que a vingança não aproxima vítima do agressor? Regina lutou contra o preconceito, a plutocracia, a corrupção, tirou mulheres da rua e foi a protagonista do meu primeiro livro "A Transgressora". (Era um jovem imberbe quando escrevi este romance e com ele tentei homenagear a transexual Gisberta, que morreu assassinada num fundo de um poço e todas as pessoas que são vítimas de discriminação). Todavia, Regina ganhou asas próprias e voltou neste livro "Os Pássaros também choram", como figurante e tornou-se no amor platónico de um jovem escritor, que vai deslindar todo o mistério à volta da sua putativa morte. Um caso mediático, Regina morreu, não morreu,..., o que está por trás do seu desaparecimento?! Regina concentra em si todos os sentimentos do Homem, ela faz-nos dissentir nas opiniões, para uns ela era a personificação do Inferno, para outros uma guerreira em causa própria. Maria Rita, uma mulher culta, molestada por um cancro e vítima de violência doméstica, revela-nos no seu diário, todos os abusos sexuais, psicológicos e físicos infligidos. Mesmo que ele a matasse, o carrasco não saboreava da morte, apenas a libertava daquele Inferno. Rita, nome de santa, ganhou coragem e denunciou. Reitero que o amor, liberta, jamais ofende e humilha. Mesmo cheia de chagas ele nunca lhe roubou a dignidade, porque há sempre um local em nós inviolável, que ninguém toca. Desbravou céu e mar, em busca do paradeiro do filho raptado. Nunca perdoou a mãe, que num minuto de distração perdeu o neto de vista e viveu sempre culpada, até à alienação mental. Começou a tratar o jovem que a visitava no seu gesto de voluntariado pelo nome do neto e ele para lhe mitigar o sofrimento assumiu esse papel. Madalena, uma professora de faculdade, dedicou-se aos outros em detrimento da sua carreira, fundou o grupo "Irmãos do Coração", onde se partilhava emoções e apenas se escutava, sem juízos de valor. Muito se fala, pouco se comunica! Xana, a melhor das amigas, que tudo fez para alinhavar os pensamentos de Guilherme. Ainda há amizades assim! Dona Carolina, morreu esquecida no seu vetusto apartamento, esquecida pela família e pelos vizinhos. Sofia criou um filho sozinha e todos os dias é heroína! Fernanda inspirada na minha tia e madrinha Fernanda Seixas, que faleceu de cancro da mama, mas que a morte não a roubou de mim. Somos unos, madrinha! Este livro é para ti, tal e qual como te prometi na cama do IPO, nos cuidados intensivos, dias antes de partires. Disse-te que quando saísses, íamos à discoteca, abanaste com dificuldade os pés na cama e sorriste. Nos teus olhos marejaram lágrimas, sabias que nunca mais saírias dali. Ganhaste asas, eu revoltei-me tanto com a tua partida, mas tu embalaste-me com as tuas asas de anjo e do céu olhas por mim! Amo-te tia, madrinha, mãe, amiga, foste tudo para mim!Estas são apenas algumas das mulheres do meu romance, que tentei dignificar, porque todos os meus romances elogiam as mulheres e toda a minha admiração por elas.
Tenho o privilégio, na minha vida, de existirem no seio da minha família, mulheres lindas, guerreiras, exmplos de causas e virtudes. A minha mãe, amor maior, a pessoa que mais admiro e amo na vida. Avó, madrinha, amo-vos tanto! Depois tenho amigas fantásticas, que adoro, Xana, não é preciso homenagear-te bem sabes o quanto vale a nossa amizade. No meu percurso académico conheci professoras que me emocionaram com as suas aulas, a professora Emília, Carla Oliveira, Rita Taborda Duarte,Madalena Pereira, entre outras...Também no meu percurso literário, fui inspirar-me em grandes mulheres e escritoras como Rita Ferro, Teolinda Gersão, Sophia de Mello Breyner Andresen...Mas foi com Jean Shinoda Bolen e o livro "Travessia para Avalon", que eu senti, que o meu caminho era outro e aprendi a não ter medo das palavras, para dizer a todas, neste dia da mulher e em todos os dias, o quanto estou agradecido. O meu sentido tributo.Tiago

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